Meu Bem, meu Mal
Estamos a quase dezessete séculos de distâncias de Agostinho de Hipona, (Santo Agostinho -354 d.C) este ex-maniqueista e, o principal teólogo do Cristianismo, cuja atribuição e importância, o fundamentalismo - pai da banalidade - ignora. Estamos, portanto, falando da teoria do bem e do mal.
Partamos, assim, para nossa reflexão: meu bem, meu mal, tema que, Agostinho teorizou na ética do cristianismo. As investigações e explicações das realidades se dão por duas formas de conhecimento, apenas, empírico ou científico e metafísico ou filosófico. É de ambos os princípio que surge meu questionamento aqui nesta rápida exposição do pensamento.
Se sou mal, como poderei fazer o bem? Pois o mal produz o bem? Se sou bom, posso produzir o mal? Mais uma vez estamos diante da teoria da ratio bonis, ou seja, ao pé da letra, a natureza do bem. O mal é, ausência do bem e este é produção da razão. Então, para Santo Agostinho o mal não possui natureza, essência ou razão; o mal não possui existência própria, é um acidente; não tem natureza e nem explicação ou conceito metafísico. Ele é ausência do Bem por excelência.
É neste contexto que se fundamenta uma das fontes de Jung na construção de sua psicologia analítica: teoria dos arquétipos, isto é, o arquétipo da sombra e do self. ou melhor, a ausência do self é presença da sombra. Onde a consciência é atrofiada ou inflamada, existe ausência de sua função (processo finalista) e, aí, haverá ausência do self e presença da sombra. Esta relação self e sombra Jung denomina de processo de individuação.
Se sou bom ou se sou mal, não importa. O que se evidencia é que sou de qualquer forma consciência, (pois estou vivo e sou uma persona) mas posso ser consciência frágil e débil ou obscura, inflamada ou atrofiada, então eu enquanto consciência não sou nem bom e nem mal, faço o mal ou faço o bem. Sou capaz de produzir tanto o mal, quanto o bem. O mal é a ausência da razão divina; logo, a ausência da consciência saudável; pois o mal é uma produção autônoma da consciência nesse processo de individuação que leva a psique à totalidade do si mesmo, ao self. Cada vez que a sombra acessar o complexo do ego da consciência, pelo seu efeito colateral, poderá a consciência na forma de persona, atrofiar, inflamar ou absorver a informação, este processo é denominado de individuação. Esta seria a teoria do bem e do mal.
Essa relação entre bem e mal nos vem pela palavra. O que ouço como me soa...? Dependendo como me soa... me significa... eu (complexo do ego) emito ou outra palavra ou outra atitude inconsciente ou consciente; me desconstruo ou me reconstruo. Essa seria a relação entre sombra e persona.
Nenhum comentário:
Postar um comentário