Ser e Tempo na obra de Santo Agostinho
Sem Agostinho de Hipona (353-430 d.C) - o Santo Agostinho - não existe Teologia enquanto disciplina e enquanto conhecimento. Este filósofo e Teólogo - ocupou-se da psique humana, o primeiro psicólogo (seria seguramente) - não é à toa que sua mãe Santa Mônica é a padroeira dos psicólogos, ou seja, o dia do psicólogo é no mesmo dia da comemoração do aniversário de Santa Mônica, 27 de agosto.
Santo Agostinho traz à luz do conhecimento metafísico a realidade do tempo para discutir os conteúdos da vida ou da alma, portanto, da psique humana. Ele formatou um aparato teológico - psicológico, seguramente - que Freud a sua maneira elaborou o aparelho psíquico e Jung a teoria dos arquétipos.
Agostinho de Hipona elaborou sua concepção de sentimentos primários da alma para definir o conceito de tempo. Tempo é um movimento que ocorre na psique. O tempo é humano, uma unidade da consciência e ocorre nela. Eternidade é psíquica e ocorre quer dentro, quer e fora da consciência. O tempo é humano, a eternidade é psíquica.
Pois bem, memória é uma categoria ou operação do espírito, da consciência, a este sentimento ou operação da consciência Santo Agostinho atribui a unidade do tempo Passado. Ocorre dentro da consciência.
Sensação é um sentimento inconsciente ou um processo primário inconsciente da psique e, portanto, a esta operação do espírito Agostinho de Hipona determinou o tempo Presente.
Expectativa ou Esperança é a operação da consciência ou do espírito à qual Agostinho relaciona o conceito de tempo Futuro.
Assim, se reporta o filósofo: que o passado, ou seja, a memória não existe, cai no esquecimento, então não existe tempo passado; o futuro também não existe porque é uma espera que angustia ou enche a consciência de ansiedade (em excesso, uma patologia que perturba), o futuro não é certo que chegou e quando chega já não é futuro, nem é presente porque a sensação já passou e se tornou memória, isto é, passado que não existe. Desse modo, o presente - sensação - também não existe porque a todo instante é memória, passado.
De maneira que a eternidade cobre o tempo e é uma operação fora da consciência de tempo. É uma unidade atemporal, fora da realidade, ou melhor, passado, presente e futuro se dissolvem na eternidade. Não há memória, não existe espera; só há a sensação eterna. A psique então, na obra de Agostinho, vai além do que é temporal, vai aquém da realidade, é além do humano, pois o humano só ocorre na unidade de tempo. A psique ocorre tanto na unidade de tempo, quanto na eternidade.
A consciência - num processo de individuação - deve preparar a própria psique para atingir a sensação de eternidade. Ai se justifica a ideia de céu e inferno na obra de Agostinho porque devemos promover a vida e o respeito pelo semelhante e pela vida, pelas diferenças e diversidades, pelas tantas manifestações de gostos e personalidade humana, pois, o inferno seria uma sensação eterna de desconforto e céu uma sensação eterna de felicidade, cuja categoria aspira todas as vidas.
Aqui, segunda a trajetória filosófica de santo Agostinho em sua obra completa, se justifica porque o mal não possui existência própria e é unidade temporal de, no presente consciente, sensação de bem-estar individual para o sujeito, (ilusão) mas que na eternidade o mal que aqui faço pode me representar na sensação do eterno desconforto, o inferno de Schopenhauer.
Por isso o cristianismo ensinou que devemos fazer o bem sem olhar a quem para que a consciência prepare a psique no processo de individuação para atingir seu estado original de felicidade.
Hoje o Cristianismos destruído pelo fundamentalismo - diz Jung que - o cristianismo entrou em colapso com o fundamentalismo e, - o que existe já é um inferno porque é a sensação da esperança e da memória, ou seja, - um desalento e uma fatalidade - (repete Jung) política, econômica e social a todo tempo a incerteza . Só existe no fundamentalismo a certeza do incerto.
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