Metáfora de um povo
Procuro um referencial que me conduza pelo caminho do que pode fundamentar o momento político no Brasil e não encontro. Encontro apenas o nada e o vazio que é, fundamentalmente, a razão da doença mental: psicose esquizofrênica e psicose delirante que afeta a sociedade brasileira. Não há na ciência e nem como se propala, na crença cristã, um pressuposto que justifique a perversidade que acontece no comportamento político brasileiro.
O fenômeno é um misto subético entre religiosidade e política que toma uma nova cara de prosperidade e falso idealismo. Um fenômeno social, político e mais que isso, religioso que destrói o cristianismo como modelo ético para o Brasil e para a sociedade ocidental, como diz Jung.
É ao homem/mulher que cabe essa irresponsabilidade doentia que afeta a sociedade e, muito mais ao homem, porque ele ainda está, na maioria, se sentido ameaçado em seu poder fálico pela mulher. Haja vista o acontecimento perverso que se passa no Congresso Nacional de um povo chamado Brasil.
Nesta ótica, vamos refletir alguns elementos – na minha posição em psicologia e, sem sombra de dúvida também na filosofia - que pontuamos neste instante:
1. O que sai do homem é o que faz mal e não o que entra no ser humano, Jesus (Mt 15,11).
2. Vivemos um inconformismo religioso e isso causa um nada bocejante, uma situação de fatalidade, uma miséria espiritual, Jung (2012, p. 23).
3. O buraco existencial que produz a psicose, configurando entre o imaginário e o simbólico a respectiva psicose delirante e esquizofrênica, Katz et tal (1979).
Nossa análise se permeia por aí! Embora se trate do momento político pelo olhar da psicologia, permite-nos a leitura ainda, uma análise filosófica porque a filosofia procura as primeiras causas e a psicologia, o fato experimental. Ambos se complementam para essa abordagem no estudo do fenômeno na sociedade brasileira.
As temáticas pontuadas acima vão à mesma reflexão em busca de ampliar a compreensão do mesmo fenômeno: o momento histórico no Brasil. Apoio-me nestes pensadores para sustentar minha defesa de argumento. Estes, na verdade teóricos, olhando pela linha da filosofia e da ciência (psicologia) podemos classificá-los como homens de ciência: psicólogos, filósofos e teólogos. Apesar de suas abordagens particulares serem respectivamente teologia, psicologia analítica e psicanálise, coloco os três (Jesus, Jung e Katz) na mesma linha enquanto que se ocuparam da psique humana em suas diferentes e mesmas propostas: o evangelho, a individuação e a psicanálise respectivamente como já dito por mim antes, acima.
Jesus: o que contamina o homem é o que sai dele e não o que entra. Dito isto naquilo que consideramos para o mundo ocidental e na tradição javista como a boa notícia, a salvação redentora e, pontuando outros teóricos, o próprio Jung e Flávio Josefo – historiador judeu e contemporâneo de São Paulo, o apóstolo – salvação redentora que vem do cristianismo como religião redentora universal.
Nesta leitura podemos apreender que – de acordo com a psicologia – Jesus metaforicamente se referia a psique humana quando assinalou a contaminação humana como produto interno e não externo ao ser humano. Por analogia podemos dizer que essa assertiva de Jesus descreve a neurose e mais precisamente as psicoses nos processos psicológicos aos quais se refere o psicólogo social Zimbardo (2012).
Jung: a idade da razão com a Revolução Francesa e o processo de expansão, consequente do capitalismo pós-industrial que atinge nosso atual século, o inconformismo religioso e o desmembramento de inúmeras denominações evangélicas ameaçam o cristianismo e provoca a miséria espiritual onde a sacralização perde o sentido e a vida adquire valor de mercado; a banalidade se instala. O psicoterapeuta Gustav-Jung tematiza tudo isso em seu livro Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Há de se notar que isso advém de dentro do homem, os arquétipos ou o a relação truncada entre o arquétipo da sombra e a persona e consciência, razão oferecida ao nosso conhecimento por Zimbardo e Jung que bebem nas fontes do Nazareno.
Katz vem-nos tornar, pela psicanálise, consciente do que seja uma relação psicótica gerada no interior do ser humano. Um buraco, uma lacuna que, em termos do arquétipo – Gustav-junguiano – remetemos ao social trazendo, naturalmente, a personalidade do Congresso Nacional brasileiro. Esse buraco que elimina o sujeito do ser humano, a ausência da lei e, portanto, a presença da psicose pode ser associada, psicossocialmente, ao nada bocejante de Jung matéria que sintomatiza o momento histórico do Brasil.
Somos um Brasil de brasis, um Brasil de pedaços gerados e hoje um brasil despedaçados. Um buraco hereditário que impede a tomada de consciência do povo brasileiro porque esta surge do processo de conhecimento o que, na educação e na cultura da leitura, no brasileiro é ausente. Somos, portanto, uma sociedade metaforizada da cidadania, do bem-estar. Pois o que o país, a terra, a mãe pátria possui e tem a oferecer é sonegado, negado e impedido pelo congresso nacional de pertencer a esse povo. Isso consiste ser então nossa analogia: um povo não povo, uma metáfora.
Neste contexto, o comportamento dos congressistas que fazem a lei no país tem uma representação psicótica: uma projeção do inconsciente social. Único país e sociedade do mundo onde o parlamento representa a si mesmo em detrimento do coletivo; distribui afetos que marcam o distanciamento da sociedade da dignidade, da cidadania e do acesso eficiente aos bens que a própria natureza da terra e da pátria favorece ao povo.
É de dentro do homem que acontece as alterações dos processos psicológicos – Zimbardo e Jesus – e as situações de fatalidade, tais quais no momento histórico do Brasil, acontece em nossa sociedade na postura da prática política.
A lei sou eu – eu o parlamentar – a lei maior que passa por cima da própria constituição. Esse jogo meramente político se caracteriza no instrumento ético que, em tese, na base do julgamento moral como sentido e objetivo da teoria ética, o cristianismo que é esse modelo ético da sociedade ocidental é nocauteado na condição da instalação do ego doentio da teologia da prosperidade.
O poder político é metade corrupção e a outra metade também corrupção e esse desmantelo social de crise moral vem do chute ao modelo ético dado pela citada finalidade da teologia da prosperidade.
Observações:
Dissertando sobre o tema por mim proposto neste artigo, ora uso o verbo na primeira pessoa, outras vezes, propositadamente e pela própria natureza da reflexão sou obrigado a usar no plural porque há pensamentos que teorizo e há pensamentos que me fazem incluir a mim mesmo, no próprio contexto experimental, da ideia que aqui discuto.
Não estou comparando Katz e Jung a Jesus em sua natureza divina. Estou considerando os três enquanto homens que se ocuparam do centro/essência da vida, da psicologia, isto é, o serviço. Como sustenta o próprio Jung. O sentido da vida – não há outro – é servir.
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